É um prazer imenso ter vocês aqui... Infelizmente, não tenho dado ao blog a atenção que ele merece, devido a correria do dia a dia. No entanto, o "Essência da Palavra" continua ativo, apesar da frequência reduzida de publicações. O carinho de vocês pelo espaço tem grande importância a mim. Obrigado!


Wesley Carlos, 17/09/2017.

terça-feira, 8 de março de 2011

Razões para sorrir

Um Conto !!

Os minutos se rastejam até o anoitecer. Desta vez, não precisei passar muitas horas me preocupando com perguntas perturbadoras. Estava tão aturdido que algumas perguntas não conseguia responder.
            Peguei um velho livro e sorri, sem alegria, e deitei-me sobre o muro da varanda. Fecho os olhos por instantes e suspiro fundo como se estivesse sentindo muita dor. O vento soprava contra mim, levantei devagar e me encostei ao pilar que segurava o telhado. Minhas pernas tremiam um pouco, e meus olhos já não se mantinham secos como antes.
            Começava a escurecer e insistia em ficar ali na escuridão, os que passavam próximo começaram a murmurar ao perceberem meu silêncio. Sentia minha respiração apertada e minha vista ofuscada.
            O vento movimentava as árvores as lançando sobre o telhado. Pensadamente juntei as pernas e as trouxe para perto do peito. Não conseguia tirar os olhos sobre aquela ferida terrível, mas era preciso poupar minhas forças.
            O tempo foi passando. O livro desliza de minhas mãos e cai sobre o gramado, olhei por instantes, mas não me movi para pega-lo. Abracei minhas pernas, posicionei minha cabeça sobre o joelho e chorei.
            Era como se naquela escuridão pudesse esconder minhas lágrimas, meus sentimentos. No entanto, era meu peito que se mantinha escuro e preso a aqueles acontecimentos passados que causavam grande dor. Tentava esquecer de tudo aquilo que me afligia, mas o silêncio de querer esquecer aumentava minha lembrança.
            Meus joelhos, agora, também estavam molhados pelas lágrimas e a escuridão não me permitia mais ver o livro. Meus braços se arrepiavam, não sei se de medo ou de frio, mas no momento ficar sozinho ali seria melhor.
            A facilidade de ter perdido o livro de minha mão podia ser comparado com a de perder a vida, o desejo da morte toma-me o corpo. Nesse instante uma criança se aproxima de mim e abraça minhas pernas e fica a observar-me. Naquele escuro pude ver o brilhar de seu olhar tão puro, e sorri.
            - Seu sorriso é tão bonito! – disse a menina.
            Levantei minha cabeça, sequei algumas lágrimas e fitei a pequena menina que não soltava minhas pernas.
            - Me dá um pedaço do seu sorriso? – perguntou a menina.
            Naquele instante a menina percebeu que eu não queria conversar, acaricia minhas pernas delicadamente e sai. Naquele gesto percebi que a vida possuía um valor, algo que ainda não conhecia. Não podia me enganar dizendo que não estava sofrendo, mas podia sorrir por saber que tinha vencido. Não podia me deixar levar pelo desejo da morte, sabendo que apesar de tudo eu ainda vivia. Precisava aprender a unir a ausência e a dor do passado ao meu presente, e sair da escuridão.
            Vejo uma pequena luz vindo em minha direção. A menina trazia uma vela, quase apagada por seu tamanho, e a coloca sobre o muro próximo a meus pés.
            - Agora você ver o livro? – perguntou olhando-me aos olhos.
            Apenas movimentei a cabeça mostrando que sim.
            - Então pegue! – propôs a menina.
            Enquanto me deslocava para pegar o livro, percebi que somente iria obter algo sem minha vida se saísse da escuridão.
            No fim, sentia-me livre! E já conseguia pensar com calma... Fiquei sentando, em silêncio, por um tempo. Sorri, sentindo um grande alívio com o abraço da pequenina.
Por: Wesley Carlos


3 comentários:

  1. Sempre criativo, que Deus abençõe essa sua mente magnifica, e continue escrevendo esses textos maravilhosos
    beijos

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  2. Muito bom o texto! Parabéns...
    Primeiro o personagem compara o livro com a vida, excelente, logo após a menina chega com a vela e ilumina o local de forma que ele possa ver o livro, e assim ele concluí que somente iria obter algo em sua vida se saísse da escuridão. A escuridão seria os momentos ruins e ele se mantinha preso a ela... Muito bonita a mensagem que seu texto transmite. Parabéns, jovem escritor!

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  3. “Eu vivi na escuridão por muito tempo. Ao longo dos anos meus olhos se ajustaram até que a escuridão se transformou no meu mundo e eu pude ver..." Dexter Morgan

    Conhece o verso? Se seu personagem fosse um poeta ele escreveria isso! Parabéns pelo Texto...

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