É um prazer imenso ter vocês aqui... Infelizmente, não tenho dado ao blog a atenção que ele merece, devido a correria do dia a dia. No entanto, o "Essência da Palavra" continua ativo, apesar da frequência reduzida de publicações. O carinho de vocês pelo espaço tem grande importância a mim. Obrigado!


Wesley Carlos, 17/09/2017.

segunda-feira, 25 de abril de 2011

Insensata Forma de Viver

                                              


     - O que tens de mais importante em sua vida?
        Foram as primeiras palavras que vagavaram no ar antes do intolerável silêncio. Ela me observava, calada, aguardando minha resposta, eu a encarava nos olhos mas não sabia o que responder. Depois de um longo tempo concluí:
        - A minha família.
        Ela sorriu irônica de minha resposta.
        - Acha mesmo que sua familia é o que tens de mais precioso? Qual deles está aqui neste momento para te impedir de fazer isso? Será que depois de algumas lágrimas eles sentirão sua falta ou cairás no esquecimento?
        Ela fitava meus olhos como se estivesse me desafiando. Novamente o silêncio volta acompanhado do inicio do por do sol.
        - Não, realmente estes não são os mais importantes. – respondi calmamente.
        - Então o que seria?
        Aquela pergunta era desafiadora. Não sabia o interesse dela naquela resposta, mas me sentia capaz de responde-la. Ainda me mantinha sentado na mureta de proteção da ponte com os pés para dentro.
        - Meus amigos! São estes que tenho de mais valor.
        - Ah! Seus amigos... Alguns deles se importaram com o que veio fazer aqui hoje? Faz tempo que nenhum deles te procuram não é? Como será que eles estão? Eles sabem como você está? Já faz duas horas que está aqui e nenhum deles se incomodaram com sua ausência. Nem sua familia, nem seus amigos... É somente isso que é importante para você?
        Fiquei calado procurando respostas e não obtia. O sol já tinha ido e a brisa fria batia-me na face. Segurei firme no cabo de aço e me virei de forma que meus pés ficavam livres no espaço, pronto a serem lançados ao mar.
        - Antes de fazer o que desejas, necessito de sua resposta. Essa pode ser a última pergunta e ainda há uma chance de acerto. O que é importante em seu viver?
         - O amor de minha mulher.
         - Ah! Claro! Sua esposa... Ultimamente ela anda mesmo te amando e mostrando isso não é? Mas no passado não tão distante já sofrestes tanto por ela para hoje nem ser agradecido. Deu teu sangue por este casamento para ser tão rápido esquecido. Nossa! Isso deve ser mesmo, super importante...
         - Se sua intenção é me fazer desistir de lançar-me ao vento com essas palavras é melhor parar que não está conseguindo.
         - Mas não estou querendo nada. É você que quer isso por isso estou aqui... Diga-me o que tens de mais importante?
         Abaixei a cabeça, suspirei fundo e finalizei:
          - Nada mais importa! Nada tenho de valor...
          - Será que é no importante que somos felizes?
          - Se for, por isso não sou...
          - É mesmo necessário ter algo importante para ser feliz?
          - Não sei, é o mais especial que nos cativa!
          - Então, diga-me, o que tens de especial?
          - Nada, moça. Não tenho nada. Minha familia, meus amigos e meus amores... Todos me abandonaram.
          - Ah! Então a vida só é feita disso? Somente isso pode lhe fazer feliz?
          Solto o cabo de aço e me coloco sobre os pés em cima da mureta pronto a me lançar. A lua surgira derrepente e nunca tinha parado para perceber sua beleza. Já estava ali a mais de duas horas, só bastava pular e finalizar aquela tristeza, mas aquela pergunta me limitava. Era necessário saber o que era mais importante para saber o que perderia se me lançasse ao mar.
           - Você disse que não tem familia, amigos e nem amores. Então o que você tem?
           - Eu me tenho! – falei entre lágrimas – Eu me tenho...
           Ela sorria como se aquele sorriso fosse liberto de dentro de mim. Quem seria ela? Porque insistia em me impedir?
           - Então, o que tens de mais importante, senhor?
           - A minha vida?
           - Não me responda com perguntas. O que tens?
           - Porque não posso lhe perguntar?
           - Porque não sou uma resposta. Sou uma pergunta. Não questiona-se, o tempo passa. Diga-me o que tens?
           - A minha vida...
           - Será necessário algo mais importante?
           - Se não obter vida, nada mais importa...
           - O que é essa vida?
           - Me sinto vivo quando estou feliz!
           - E você está feliz?
           - Eu não sei o que é ser feliz...
          Novamente sento-me na mureta de proteção e segurava firme o cabo, já com medo de cair. Começava a vir junto ao vento gotas finas e frias de chuva. Da ponte via-se a cidade iluminada, o céu não tão escurecido e o mar, abaixo de mim, tão escuro e sombrio como meu ser.
           Ela somente me olhava esperando eu dizer outras palavras.
          - Eu não sei o que é ser feliz por me negar essa oportunidade. Eu tenho o que mais importa, mas não sei usa-lo ao meu favor. Quando me sinto feliz, sinto que não estou o bastante para continuar. Quando estou triste, sinto que estou além do que posso suportar. Como me convencer de que sou importante para mim se eu mesmo não me caso orgulho?
          - No inicio você não sabia nem o que tinha de mais importante. Agora já sabes, não quer se dar uma nova oportunidade?
Levanto-me e grito:
          - E provar que nada disso vale a pena? Que sou por parte ignorada, pelas autoridades enganado, que a felicidade não existe? Vale mesmo a pena querer viver para quem não dá a mínima se estou vivo?
         - Você não deve viver para os outros. Antes de viver para os outros é necessário viver para você.
        Sento-me novamente, desta vez com os pés virados para dentro da ponte. Várias lágrimas desciam em minha face, mas não havia ninguém ali comigo para secá-las. Começo a caminhar na ponte de volta a cidade. Desamarro o casaco da minha cintura e me cubro.      
         Minha vida acabara de provar que era o mais importante em mim. Tudo passa: familia, amigos, amores, tristezas e alegrias. Tudo! Mas eu possuía o de mais importante e que eu não me importava.       
         Percebi que estava vivo. Foi apartir daquele momento que soube o quanto era importante minha vida e minha vontade de querer viver. Sempre!
Por: Wesley Carlos
                

2 comentários:

  1. Olá Wesley! Parabéns pelos textos. Postagem no meu atualizada. Visite-me e comente sempre. Abraços

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  2. clap clap clap belos escritos os teus Wesley andei fuçando tudo :-) te agradeço tua visita ao meu Ostra e também estou te seguindo... Quanto a inscrição para o 4º Pena de Ouro ainda não estão abertas, mas logo depois do dia das mães acontecerá, entretanto pode escolher um escrito teu e enviar para lavanda64@gmail.com que já seleciono. Te aviso oportuno da data ok? beijos e querendo me encontrar estou em minha Ilha http://ilha-da-lindalva.blogspot.com/ beijos no coração!

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